A chuva cai com toda a sua graça e vontade.
Leva boeiro a baixo todas as folhas secas que já caem sobre o chão, assim como toda a sujeira e amargura do meu coração.
Retomo a escrita dos meus diários semanais sobre a mesma perspectiva em que foi criado. E por incrível que pareça, bem no fundo da minha alma para a mesma pessoa.
Todas as vezes que escrevemos algo na internet sobre alguém (que provavelmente não vai ler) ou sobre um assunto específico temos dentro do nosso intimo uma falsa (e até infeliz) sensação de que aquelas palavras atingiram em específico uma pessoa. Aquela pessoa.
E assim como no começo, esse recomeço vem dominado pelo mesmo sentido e sentimento.
Já disse diversas vezes aqui sobre perspectivas, sonhos, objetivos e desafios do nosso futuro e do meu cotidiano. Até porquê este é o objetivo do Diário Semanal.
Focos semanais.
Metas semestrais.
Objetivos anuais.
Sonhos de uma vida inteira perdidos e reencontrados em meio à caminhos traçados.
Qual será o meu, o seu, o nosso destino?
Estaremos nós condenados a viver dias massacrantes de uma rotina "teoricamente organizada"?
Estarei eu condenada a lembrar-me de você (ou de nós) todas as noites?
Hoje a chuva cai e a névoa que envolve o meu corpo me remete as inúmeras noites de nossos holocaustos filosóficos e aprendizado profissional.
Eu ousaria pedir um Whisk, talvez um vinho ou quem sabe apenas um expresso. Assim me embebedar de você até aonde eu aguenta-se.
Mas prefiro não me afogar mais do que o normal nessa breve e estúpida ilusão.
As luzes da rua se apagam e daqui de cima tenho a oportunidade de apreciar as distantes luzes do centro da cidade.
Um brilho amarelado, distante e belo.
Seria essa mais uma chance de mergulhar em meu desvaneio ou apenas um acontecimento rotineiro?
Volto meu rosto para o céu. E com os olhos fechados absorvo alguns pingos da chuva gélida e respiro o ar puro trazido por uma rajada de vento.
Abro-os lentamente e faço uma prece profunda e silenciosa.
Seria aquele o criador de tudo capaz de me absolver desse martírio?
Ou seria essa a minha Cruz?
Ou seria essa a minha Cruz?
Volto novamente a encarar a Avenida que me cerca.
Solitária.
Fria.
Triste Avenida.
Solitária e Fria.
Sofria.